sábado, 29 de maio de 2010

desejo de vida


Adorável flor do campo
Tu que brotas no ardil jardim de meu coração
Fazendo a beleza maior surgir em recantos
De lindos ornamentos
Fazendo me crescer a força máscula
Despertando em mim ensejos e desejos
Que de forma incontrolável me leva a pensamentos
De prazeres infinitos
De êxtases infindos...

Desejos proibidos,
desejos escondidos no coração
De estar com você
De ticar em ti
Sentir tua pela
Seu corpo...
Corpo delicioso
Perigo constante
Força incessante
Que me leva a estar em mil lugares
Se houvessem palavras capazes de descrever tal sentimento
Certamente eu as diria...
Mas palavras de nada valem
Apenas o que se sente que se conta
Que se impõe na vida

Sua voz como musica suave em meus tipanos
Seu toque como o toque da vida
Seu olhar penetrante como lamina
Seu calor aquecedor de corações
Suas curvas que me despertam desejos
Seu cheiro de orvalho feminino que me enlouquece
Como montanhas imperiais são seus seios
Imponentes sãos eu sorrisos
E quentes são seus abraços...



Assim descubro algo que na verdade já sabia
Mas não admitia...
Minha vida precisa da sua vida
Para poder ter vida
Ao meu lado
Perto de mim

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A ÁRVORE

Sou uma árvore resistente
Que luta pra não morrer,
Do amor sou a semente,
E aos poucos quer viver
Esta dor que ninguém sente,
Uma vida tão temente
Que tem medo de sofrer.

Sou uma árvore no meio do deserto
Lugar que não consegue chover
Se estou longe ou estou perto,
Eu jamais vou te esquecer
Se o caminho é incerto
E chorando eu me aquieto
Esta árvore vai viver.

Viva a vida sorrindo
Se é que pode sorrir,
Não passe o tempo dormindo
Ouça me escute aqui,
O melhor já está vindo
E se alguém está fingindo
Com palavras te mentindo
São lembranças que vivi.

Apenas por um momento
Ouça os pássaros a cantar
Num instante o acalento
Uma voz vai te falar,
Guarde-a no pensamento
Se alegria ou tormento,
A vida vai melhorar.

Sinta o perfume da rosa,
Mais cuidado com os espinhos
Pois são lindas e cheirosas
E nunca estão sozinhos,
São flores bem trabalhosas
E são cheia de carinho.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

DESASTRE

Os dias passam...se arrastam...
Sinto-me tão fraco e pequeno diante desta imensidão
De palavras e atos...que férem...
Que machucam meu coração...



Não aguento mais me sinto incapaz
Estou preso a um passado bonito
A um amor que eu julgava infinito e que um dia
Na maresia da vida em atos e insultos naufragou...



Eu luto como sobrevivente mas minha mente
Minha mente relembra os momentos vividos
Existiram momentos bonitos
Mas acabou...nada sobrou...



O pesadelo do presente me assusta
Eu não luto, eu escuto...escuto meu coração
Sinto a certeza de vida que ele me dá
E eu tento na vida me agarrar...



Afinal preciso lutar, mas com a certeza
De nunca mais me enganar
Nunca mais voltar a amar...
Para nunca mais naufragar...

terça-feira, 18 de maio de 2010

TRAGÉDIA FAMILIAR - UMA HOMENAGEM AOS GRANDES POETAS 1: CASTRO ALVES


Na Senzala, úmida, estreita,
Brilha a chama da candeia,
No sapé se esgueira o vento.
E a luz da fogueira ateia.



Junto ao fogo, uma africana,
Sentada, o filho embalando,
Vai lentamente cantando
Uma tirana indolente,
Repassada de aflição.
E o menino ri contente...
Mas treme e grita gelado,
Se nas palhas do telhado
Ruge o vento do sertão.



Se o canto pára um momento,
Chora a criança imprudente ...
Mas continua a cantiga ...
E ri sem ver o tormento
Daquele amargo cantar.
Ai! triste, que enxugas rindo
Os prantos que vão caindo
Do fundo, materno olhar,
E nas mãozinhas brilhantes
Agitas como diamantes
Os prantos do seu pensar ...



E voz como um soluço lacerante
Continua a cantar:
"Eu sou como a garça triste
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.



"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.



"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho
"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.



"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,



"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores".



A cantiga cessou. . . Vinha da estrada
A trote largo, linda cavalhada
De estranho viajor,
Na porta da fazenda eles paravam,
Das mulas boleadas apeavam
E batiam na porta do senhor.



Figuras pelo sol tisnadas, lúbricas,
Sorrisos sensuais, sinistro olhar,
Os bigodes retorcidos,
O cigarro a fumegar,
O rebenque prateado
Do pulso dependurado,
Largas chilenas luzidas,
Que vão tinindo no chão,
E as garruchas embebidas
No bordado cinturão.



A porta da fazenda foi aberta;
Entraram no salão.
Por que tremes mulher? A noite é calma,
Um bulício remoto agita a palma
Do vasto coqueiral.
Tem pérolas o rio, a noite lumes,
A mata sombras, o sertão perfumes,
Murmúrio o bananal.
Por que tremes, mulher? Que estranho crime,
Que remorso cruel assim te oprime
E te curva a cerviz?
O que nas dobras do vestido ocultas?
É um roubo talvez que aí sepultas?
É seu filho ... Infeliz! ...



Ser mãe é um crime, ter um filho - roubo!
Amá-lo uma loucura! Alma de lodo,
Para ti - não há luz.
Tens a noite no corpo, a noite na alma,
Pedra que a humanidade pisa calma,
— Cristo que verga à cruz!



Na hipérbole do ousado cataclisma
Um dia Deus morreu... fuzila um prisma
Do Calvário ao Tabor!
Viu-se então de Palmira os pétreos ossos,
De Babel o cadáver de destroços
Mais lívidos de horror.



Era o relampejar da liberdade
Nas nuvens do chorar da humanidade,
Ou sarça do Sinai,
— Relâmpagos que ferem de desmaios...
Revoluções, vós deles sois os raios,
Escravos, esperai! ...

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Poema de:
Castro Alves, o poeta dos escravos