sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Dor que sangra...

Sangra coração de poeta,
recrudescido de dor,
entorpecido de amor,
empobrecido de razão,
enobrecido de emoção...
Esvaia-se até a última gota,
frágil e ébrio de paixão.

Como podes ser assim,
tão tolo, tão imbecil...?
O que pensas coração infantil?
Não consegues ir mais além?
Irás para sempre amargar
o saborear dessa traição?

Amadureça coração,
abstenha-se desse amor;
ele não fez por te merecer.
Aliás, isto nem foi amor,
pois só você foi quem amou;
e agora também é só você,
quem vai padecer?

Atenção, coração:
Intimo-te a esquecer.
Amadureça-te, infante,
e nunca mais ouse de novo
nessa loucura me envolver;
ou então pare logo de pulsar
e me impute o falecer!

FANTASIA

A fantasia é essa coisa engraçada,
a gente cria e se apropria pela imagem.
Agora mesmo, eu te navego, eu te viajo,
tenho teu corpo sobre o meu corpo,
arrepiado, extasiados...
Tudo inventado!
Porém eu toco, eu te belisco, eu te suplico.
Eu tiro a roupa e a tua roupa, e te investigo.
E te permito cada desejo e o meu desejo
que é tão puro, e é tão simples, e é tão típico,
que eu nem me ligo que te invado nessa malícia.
E assim travesso, eu te respeito, beijo tua arte,
e cada parte do que é teu _ e tenho meu,
te projetando, já projetado, quase um Romeu,
apaixonado pelos detalhes, e essa vontade
alucinada e caprichada de ti existir pra ser real.