quarta-feira, 24 de outubro de 2018

PARTIDA


Eu chorei na alma quando tive de partir;
Não imaginava o tamanho da ferida,
o que lamentavelmente foi o que sobrou...
Daquele tão negro dia,
o dia da partida...

Olhei aos céus e pedi forças,
pois não sabia o que me esperava;
E apenas parti...
Mergulhando no desconhecido,
mergulhando no que não podia prever...
Apenas a minha fé me guiaria dali adiante;
Trevas densas cobriram a minha alma,
pavor do que me esperaria pela frente...
Faltava-me o seu amparo,
faltava-me o seu abraço,
A sua presença que me fortalecia ficava para tráz...
O sonho terminava ali!

Sempre tentei manter nos lábios um sorriso,
Para disfarçar a dor que carrego,
a agonia da alma que estava partida,
que me traz a certeza
de que a única coisa certo na vida
é só o inevitável momento da despedida...
É ali que a alma chora,
coração enfraquece,
a fé se estremece,
parece que tudo se perde...
inclusive se esvai o desejo de viver,
a vontade de caminhar,
a força para sorrir,
a resistência ao fim,
a doce magia da esperança,
a inocência de criança...
Meu Deus, perde-se tudo!
Só resta o amor,
Pois este, quando verdadeiro,
a gente leva sempre conosco...
Ou para nos fazer sorrir
ou para nos matar de dor.

Agora, meu caminho é cinza,
sem marcos e nem paisagens,
sem palavras, vazio sem nenhuma emoção;
Sem amigos, sem inimigos, sem irmão...
A memória se foi de minha fronte,
voou meu sentimento mais nobre,
voou minha imaginação...
O céu ficou vazio,
Está escuro sem a cintilante dama prateada,
O sol não brilha sem a lua...
A esperança desapareceu,
o sorriso já morreu...
Da magnifica força de viver,
fiz o desejo de morrer,
do sorriso fiz o pranto,
das bocas unidas fez a espuma,
e das mãos espalmadas, fez o espanto...

Pergunto ao grande Arquiteto do Universo:
O que será agora?
E a vida, como que seria?
Já não há o colo do abrigo,
Já não há nada à favor,
Triste momento de tamanha dor...
Fez-se do amor bendito,
Um sentimento impedido,
porém não perdido..
O amigo próximo se tornou distante,
O feliz se tornou infeliz,
A vida se tornou uma aventura errante;
Conclui-se, de repente, já não há vida para se viver...
Mesmo ainda amando tudo o que foi,
Tudo que já não é,
esta dor já não dói,
Tornou-se a marca da antiga fé,
O ontem, que a dor deixou
Se tornou o hoje que findou...
Talvez eu morra antes do horizonte,
Não haverá quem chore,
E se chorar, de que iria adiantar?
Não há mais vida na fonte!

Terrível melodia da despedida...
Agoniante momento do ultimo olhar,
do ultimo abraçar,
do beijo que não vai se mais dar...
Esta é a palavra que não deveria ser dita,
a poesia que jamais deveria ter sido escrita,
a história que jamais deveria ter sido vivida...
Ah, Senhor, ponha um fim nesta dor maldita,
Nem que para isto tenha de tomar a esta inútil vida;
E não me condene por este sofrer,
não escolhi isto viver...
O fim de tudo é o melhor a desejar,
E a única esperança que tenho de receber!!!