quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A penumbra do jardim

Na penumbra em que jaz o gélido jardim silencioso,
Pela tarde triste que ali vai morrendo... e ali a alma desfalece...
Sobre a pedra de um banco um vulto solitário e doloroso
Vai sentar-se, isolado, e como que da vida se esquece.

Deve ser um ritual secreto, um eterno delicado gozo,
Permanecer assim, na hora em que a noite desce,
Anônimo, invisível jazendo na paz do jardim silencioso,
Numa imobilidade extática de prece em cenário imutável,
como se a alma com todas suas forças, dissesse,
O adeus que nunca, jamais se esquece!

Em lugar tão propício à doçura do cantar das almas,
Caminhante e errante vem meditar muitas vezes, sozinho,
Sempre assentado No mesmo banco, sob a carícia das palmas.
Em uma só vez foi visto a chorar, um choro brando...
É os pássaros ficam a ouvir o cântico eterno da saudade,
Caí a noite, de mansinho... ali ainda está a alma vazia,
Com Uma voz de menino triste ao longe ia cantando.
Sem nenhuma malicia,
Sem causar efeito de maldade,
Apenas a alma em si, em uma eterna agonia, lamentando...