sábado, 11 de maio de 2019

Feridas eternas

hoje eu percebi que estou ferido...

mais do que imaginei,

talvez mais do que poderia aguentar...

a ferida não sangra primeira,

mas ela se esvanecia por dentro;

ao contrário de feridas físicas,

o tempo não ajudará cicatrizar;

quando pensamos que fechou,

ela ressurge ainda mais dolorosa...

percebo então que se trata de ferida mortal,

durará para sempre,

mesmo após o suspiro final,

o mais cruel veneno do mundo não chega a ser tão fatal...


feridas alimentadas por eternas lembranças,

impossíveis de serem deletadas...

da memória jamais serão apagadas...

o primeiro sorriso...

o primeiro olhar...

o primeiro beijo...

tudo que foi primeiro;

E também o segundo,

o terceiro... 

o último momento que se tornou primeiro;

E acabou sendo o derradeiro...


passa o tempo... passa o momento...

passa a história...

vive -se a saga,

conta-se histórias e criam -se fábulas...

lá estão as feridas jamais cicatrizadas;

Quantas vezes quis estar nos braços

Da dama mortal, a temível morte,

para partir e ir embora desta terra, 

onde é ruim viver sem seu afago,

onde o silêncio de seu murmúrio

soa como a portas maldições,

não sentir sua proximidade

é a mais cancerosa realidade...


olho para mim e tento me convencer,

Que é inevitável os frutos de minhas ações não colher...

mereci com justiça os males...

não me perdoarei jamais por escolher este vale

toda dor é pouco...

toda lágrima derramada neste choro infinito,

não me faz melhor em nada...

ah, concebem aos eternos grilhões da solidão, 

arranquem-me a alma e o coração...

castiguem-me sem dó,

mas me perdoem e me façam sumir na escuridão,

ponham fim em tudo,

mas tirem desta assolação...


já não suporto mais...

ferida que dói... 

sangra por dentro,

minha alma se corrói

nas Chagas eternas

do amor perdido,

aflição de um coração partido!