domingo, 8 de agosto de 2010

Quando se perde um amigo


Quando sentimos que perdemos um amigo parte de nós é lágrima que cai desamparada...
mas cá dentro, há um sorriso triste
a recordar os bons momentos
que esta amizade nos deu.
Nasce um vazio
de um todo quebrado
e um mar cinzento
chora despedaçado
pelas memórias que perderam a cor.
Abre-se um buraco no peito
e a enxada deve ter lâmina dura
porque nos escava uma ferida tão profunda
que esburaca o corpo só para nos atingir
em cheio o recheio da alma.


Se eu tivesse uma pedra no lugar
onde vi plantado o meu coração
Talvez,soubesse como impedir
que a dor me roube mais esta seara...




Quando sentimos que perdemos um amigo...
as pernas caminham sem destino
porque os passos esqueceram o seu rumo
e dormem sozinhos junto á estrada.
Há braços com frio
porque sonham com um abraço...
Há um pássaro a baloiçar naquele ramo
mas já sem vontade de cantar
para aquele banco de jardim vazio...


Há palavras sem força suplicando vozes na garganta
e restos de gritos que dela saíram altos demais...
Há quadros pintados com os dedos logo pela manhã
e arco-íris que desmaiam lá pela noitinha...

Há lágrimas abençoadas
que se ajoelham fielmente a rezar por nós
e sorrisos danados a rir do desespero das minhas preces.
Há poemas colados ao tecto
porque querem preservar no céu esta história
sem acreditarem que ela chegou ao fim...


Há sonhos por perto rasgados no chão
e folhas de papel tão teimosas que se recusam a voar para longe...
Ai se eu tivesse asas nas costas
para dar utilidade a todas estas penas!


Se eu soubesse o valor da eternidade dos gestos
e das promessas que se proferem sem olhar.
Mas, porque é que a tristeza me faz pensar
que hoje perdi um amigo...
se ainda ontem sorria tão feliz por o encontrar?